Provocação Nasal

Os testes de provocação são indicados em várias circunstâncias, dentre elas, quando existe discordância entre a história clínica e outros exames complementares, como dosagem de IgE específica no soro e o teste cutâneo, ou para melhor definição diagnóstica.

O teste de provocação nasal consiste na colocação do alérgeno (perene ou polínico) a ser testado na mucosa nasal, ao nível das conchas inferiores, produzindo uma resposta imediata e uma tardia conforme ocorre na rinite alérgica.

A histamina liberada pelos mastócitos exerce um importante papel na fase imediata e algum grau de obstrução nasal. Essa reação ocorre nos primeiros 15 minutos após a provocação com o antígeno e persiste por algumas horas.

Os mediadores liberados pela infiltração de eosinófilos estão primariamente envolvidos na reação da fase tardia, que ocorre horas após a exposição do antígeno e induz à congestão nasal. Contudo, é difícil avaliar as duas fases separadamente em pacientes, que, diariamente, podem ser expostos a diferentes alérgenos.

A indicação do teste de provocação alérgica, por via inalatória nasal, para as doenças alérgicas mediadas pela IgE é com uso de alérgenos como os ácaros, fungos, epitélios, baratas e polens.

Para a realização do teste de provocação nasal é usual, na maioria das vezes e excluindo os asmáticos, adquirir os extratos alergênicos na concentração de 1/100 (vol/vol) ou 1/10 (vol/vol) da solução do teste de puntura, seguindo alguns critérios básicos simplificados a seguir:

- Respeitar um período de sete dias sem o uso de anti-histamínicos, corticosteroide intranasal ou outros medicamentos que possam interferir nos resultados.

- Ambas as fossas nasais devem ser examinadas previamente, através de rinoscopia anterior, para verificar a presença de muco ou obstrução anatômica.

- Uma solução fisiológica salina ou outra contendo NaCl a 0,9%, fenol a 0,45%, pH 5,50 com glicerina a 5% (manipulado em laboratório), deve servir como controle negativo.

- A utilização de frasco spray nasal é indicada, por ser capaz de liberar o antígeno na concha nasal inferior com grande deposição.

- O volume a ser usado deve ser de aproximadamente 0,1 mL em cada fossa nasal. O paciente é instruído a realizar previamente uma breve inspiração profunda, além de leve compressão no local, a fim de não haver propagação para a orofaringe.

- As soluções devem ser mantidas em refrigeraçao (2°C a 8°C) e os dispositivos intercambiáveis do nebulizador, que entram em contato com a mucosa, devem ser esterilizados.

- Avaliar a escala de sintomas nos primeiros 5 e 15 minutos, recebendo uma pontuação (conforme orientação abaixo).

Se houver paciente com diagnóstico de asma brônquica a realização do teste de provocação nasal não é contraindicada; entretanto, a medida do VEF1 (Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo) ou do Pico de Fluxo Expiratório (peak flow) superior a 70% do previsto, deve ser controlado prévia e posteriormente ao teste.

O teste de provocação nasal possui uma sensibilidade e especificidade de 83,7% a 100%.

A escala dos sintomas propostos por Lebel baseia-se na gravidade e os pontos são distribuídos como demonstrados abaixo:

Espirros: 0 ponto = até dois espirros; 1 ponto = 3 ou 4 espirros; 3 pontos = mais de 5 espirros. Prurido (coceira) nasal: 0 ponto = se não tiver coceira; 1 ponto = ocorre coceira nasal.

Prurido (coceira) ouvido ou palato (céu da boca) = 0 ponto = se não tiver coceira; 1 ponto = ocorre no ouvido ou palato.

Rinorréia (secreção nasal): 0 ponto = sem secreção; 1 ponto = secreção nasal anterior; 1 ponto = secreção nasal posterior.

Obstrução nasal: 0 ponto = sem alteração da obstrução nasal; 1 ponto = dificuldade para respirar; 2 pontos = uma cavidade nasal obstruída; 3 pontos = ambas cavidades nasais obstruídas.

Sintomas oculares: 0 ponto = sem sintomas oculares; 1 ponto = com sintomas oculares.

O teste será considerado positivo se a pontuação for ≥ 5 (máximo possível 11 pontos).


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