Dermatite de Contato ou Eczema de Contato

É uma reação inflamatória na pele decorrente da exposição a um agente capaz de causar irritação ou alergia. Existem dois tipos de dermatite de contato: a irritativa e a alérgica. As dermatites de contato podem ocorrer tanto no ambiente doméstico como nas atividades de lazer e de trabalho (dermatite de contato ocupacional). As principais substâncias que podem causar alergia são: plantas, bijuterias, cosméticos (perfume, xampus, hidratantes, esmaltes, tinturas de cabelo), roupas e tecidos sintéticos, detergentes, medicamentos, adesivos, cimentos, óleos, graxas e tintas.

O eczema ou dermatite por irritante primário, ocorre pela ação direta da substância sobre a pele que a danifica e desencadeia a reação. A dermatite alérgica de contato ou eczema alérgico de contato aparece após repetidas exposições a um produto ou substância.

Dos mais de 85.000 produtos químicos em nosso ambiente, foram identificados mais de 4.900 substâncias como causadoras de dermatite de contato alérgica. Mulheres são mais comumente afetadas do que os homens.

Mãos são as mais afetadas (75% de todos os casos). Nas dermatites profissionais as mãos são afetadas em até 90%. A prevalência de dermatite de contato em crianças vem aumentando.

As principais substâncias que podem causar alergia são: plantas, metais (bijuterias, relógios, adornos de roupas, calçados), cosméticos (perfume, xampus, condicionadores, hidratantes, esmalte para unhas, tinturas de cabelo), roupas e tecidos sintéticos, detergentes, medicamentos (antibióticos, anestésicos, antifúngicos), solventes, adesivos, cimentos, óleos, graxas e tintas.

O diagnóstico baseia-se na história relatada pelo paciente de exposição a um agente irritante ou alérgeno e no aspecto das lesões da pele. Os sintomas são variáveis e dependem da causa: ardor ou queimação até intensa coceira (prurido). A lesão pode ser vermelha, quente, com inchaço e apresentar pequenas bolhas ou formar crostas espessas nas fases crônicas. Nas dermatites de contato a lesão pode ocorrer repentinamente ou meses após a exposição a uma substância, o que pode dificultar na descoberta do agente causador da alergia ou irritação.

A avaliação do local de aparecimento das erupções na pele de acordo com a região do corpo auxilia no diagnóstico da causa. Exemplos: no couro cabeludo (tintura de cabelos, tônico e loções capilares, loções antisseborreicas, xampus, líquidos alisantes e permanentes, medicamentos tópicos, cabelos artificiais); na face (cosméticos em geral, medicamentos tópicos, fotoprotetores, unhas artificiais, polidores de unha, esmaltes, contatantes levados com a mão); lábios e região perioral (batons, esmalte para unhas, instrumentos musicais de sopro, cigarros, piteiras, creme dental, medicamentos tópicos, substâncias utilizadas por dentistas, lápis, borrachas, frutas cítricas); pálpebras e região periorbicular (esmaltes, polidor de unhas, unhas artificiais, cosméticos, substâncias voláteis de aerossol, colírios, limpador de óculos, substâncias levadas com as mãos); orelha e região periauricular (perfumes, tinturas de cabelo, esmalte para unhas, polidor de unhas, óculos, bijuterias, medicamentos tópicos e aparelhos de telefone); pescoço (cosméticos, bijuterias, tinturas de cabelo, perfumes, medicamentos tópicos, esmaltes e tecidos); tórax e abdome (tecidos sintéticos e nestampados, medicamentos tópicos, cremes hidratantes, bronzeadores, metais de zíper e cintos); axilas: desodorantes, perfumes, lâminas de barbear, cremes depilatórios, tecidos sintéticos e estampados); braços e antebraços (cosméticos utilizados em qualquer parte do corpo, tecidos sintéticos e estampados, medicamentos tópicos, substâncias relacionadas com a profissão, substâncias voláteis, relógios, plantas e bolsas); mãos: qualquer tipo de substância, principalmente as relacionadas com atividades habituais do indivíduo, medicamentos tópicos, luvas de borracha, bijuterias e. tintas); região glútea (tecidos sintéticos e estampados, plásticos, borrachas, cremes hidratantes e medicamentos tópicos); região anal e genital: medicamentos tópicos, cosméticos utilizados para higiene íntima, tecidos sintéticos e estampados, perfumes e borrachas (preservativos); coxas e pernas: lâminas de barbear, cremes hidratantes, cremes depilatórios, tecidos sintéticos e estampados, objetos guardados no bolso (moedas, carteira), pés (meias sintéticas e coloridas, calçados de couro e borracha, antimicóticos, colas e corantes de sapato).

O Teste de Contato deve ser realizado quando houver suspeita de alergia, é um método no qual o médico aplica no dorso do paciente os agentes suspeitos de causarem a reação alérgica. O teste é aplicado e retirado após dois dias, mas o resultado poderá ser definido somente após dois a três dias da retirada do mesmo, o que implica três visitas ao consultório.

O tratamento depende muito da extensão e da gravidade do quadro e as ações poderão ser apenas locais ou incluir uso de medicação. Um dos primeiros passos inclui a higienização com água para remover qualquer vestígio do irritante ou alérgeno que possa ter permanecido na pele. Cremes ou pomadas de corticosteroides são utilizados para reduzir a inflamação da pele. Adicionalmente, ou para substituir os corticosteroides, o médico pode prescrever os chamados imunomoduladores tópicos, como Tacrolimus. No caso de muita coceira e/ou nas reações mais graves, pode ser necessário o uso de antialérgicos ou corticosteroides, orais ou injetáveis.

Fora da crise aguda da dermatite, deve-se identificar e evitar o agente irritante ou alergênico causador. Usar produtos hipoalergênicos e lavar as mãos após a exposição a substâncias desencadeantes. No caso de risco de contato no ambiente de trabalho, é indicado o uso de equipamentos adequados de proteção como luvas, calçados e roupas.

Hipersensibilidade imediata ao Látex

A alergia ao látex é causa importante de alergia ocupacional e responsável por inúmeras reações alérgicas em indivíduos sensibilizados. Manifesta-se como reação imediata ou mediada por anticorpos IgE, com manifestações clínicas de urticária, angioedema, rinite, conjuntivite, asma e anafilaxia; ou com reação tardia ou mediada por linfócitos T, com manifestações como dermatite de contato.
A alergia ao látex é causa importante de alergia ocupacional e responsável por inúmeras reações alérgicas em indivíduos sensibilizados. Dividem-se em não imunológicas (irritativas) e imunológicas, as quais, por sua vez, podem ser do tipo imediatas -IgE mediadas (tipo I, ou anafilática) ou com reações retardadas mediadas por linfócitos T (tipo IV). A gravidade da reação alérgica poder estar relacionada com o mecanismo de hipersensibilidade imunológica ou não e à intensidade e local da exposição aos antígenos do látex. As reações alérgicas resultam de um mecanismo IgE mediada, dirigido contra moléculas proteicas contidas no látex e semelhante ao mecanismo de reações alérgicas a outros alérgenos. A pele é o órgão mais frequentemente afetado, seguido por irritação ocular, nasal ou brônquica. A anafilaxia por definição é uma reação generalizada envolvendo dois ou mais sistemas e pode causar a morte se o envolvimento for respiratório (asfixia por edema laríngeo ou por broncoespasmo grave) ou cardiovascular (hipotensão e choque). Podem ocorrer reações cruzadas entre o látex e vários alimentos, particularmente frutos. A presença de sintomas da mucosa oral, labial ou da pele perilabial após ingestão alimentar, deve ser avaliada: a) alimentos com associação forte: banana, pera, abacate, castanha, manga, kiwi, pêssego; b) alimentos com associação moderada: maçã, batata, tomate, melão, papaia, abacaxi, cenoura, aipo; c) alimentos com associação fraca: nabo, pepino, cereja, morango, figo, uva, maracujá, centeio, trigo, avelã, noz, amendoim, soja, mandioca, espinafre, limão, ameixa, ervilha, laranja, grãos. As reações imunológicas tardias serão abordadas no outro bloco de orientação.
Os principais alérgenos do látex são proteínas presentes tanto no látex cru, quanto em extratos de produtos acabados, além dos novos antígenos introduzidos durante o processo de manufatura. Em alguns países a prevalência de alergia ao látex em indivíduos de grupos de risco tradicionais (trabalhadores da área de saúde e pacientes com espinha bífida) vem diminuindo em decorrência de medidas de controle à sua exposição, mas novos grupos de risco vêm sendo identificados, como jardineiros, cozinheiros, profissionais da área de beleza e da construção civil, por usarem luvas de látex como equipamento de proteção individual. Os sintomas de alergia ao látex podem ser variados e as alergias relacionadas por reações imunológicas mediada pela IgE são: urticária, asma, sibilância, rinoconjuntivite, meningite eosinofílica e anafilaxia. Urticária de contato é a manifestação precoce e comum de alergia ao látex. É uma reação IgE mediada contra antígenos do látex e os sintomas aparecem cerca de 10 a 15 minutos após o contato. Em trabalhadores da área de saúde a urticária de contato pode ser precedida por uma dermatite de contato irritativa ou alérgica. O pó do látex presente em luvas de procedimentos e balões, utilizados principalmente em festas, pode ser inalado e desencadear sintomas de alergia respiratória, cutânea e reação grave como anafilaxia. Pacientes alérgicos ao látex podem apresentar reação após contato com algum alimento de origem vegetal, principalmente frutas tropicais, o que é denominado de síndrome látex-fruta, ou látex-pólen-fruta. Mais de 20 alimentos já foram relatados como causadores desta reação. O diagnóstico é clínico e comprovado através de exames complementares como a dosagem de IgE sérica específica e testes alérgicos.
A sensibilização ao látex não pode ser entendida de forma simplista e generalizada. As diferentes vias de exposição, por cirurgias ou por exposição ocupacional, influenciam de modo determinante o perfil de sensibilização alergênica, com importantes consequências clínicas e terapêuticas. A conduta principal é evitar o alérgeno com orientações por escrito. Indivíduos de grupo de risco (profissionais da saúde, pacientes com espinha bífida) devem ser orientados em como prevenir o risco de sensibilização, minimizando a exposição ao alérgeno do látex. A possibilidade de alergia a frutos e outros alimentos de origem vegetal com reatividade cruzada descrita com látex deve ser investigada e orientada. A imunoterapia específica com extrato de látex, para as hipersensibilidades mediada pela IgE, demonstra eficácia clínica comprovada, mas com risco de reações, portanto, o tratamento deve ser feito sob vigilância de especialista e se possível, em ambiente hospitalar. Todos os alérgicos ao látex devem usar pulseira e/ou cartão identificador com informação sobre seu quadro clínico. Os pacientes com antecedentes de reações graves deverão ter disponível a adrenalina (epinefrina) autoinjetável para situações de exposição acidental e/ou a alimentos com reatividade cruzada ao látex.

Hipersensibilidade tardia ao Látex

A alergia ao látex é causa importante de alergia ocupacional e responsável por inúmeras reações alérgicas em indivíduos sensibilizados, sendo imunológicas e não imunológicas (irritativas). A reação tardia mais comum entre todas as reações, considerando todos os grupos expostos ao látex, é a dermatite irritativa causada por lavagem repetida das mãos com detergentes, desinfetantes e o pH alcalino do talco das luvas. A reação às proteínas do látex e outros componentes, usados na confecção de luvas, EPIs e outros, causa quadro clínico de alergia tardia. Serão abordadas as hipersensibilidades tardias e com ênfase nas reações imunológicas ou mediada por linfócitos T (tipo IV) e o exemplo clássico é a dermatite de contato. As reações imunológicas de dermatite de contato geralmente são produzidas por luvas, calçados, equipamentos esportivos e materiais médicos à base de látex. É uma reação mediada por células contra moléculas de baixo peso molecular existentes no látex, tais como aceleradores e antioxidantes, iniciando de um a dois dias após o contato.
O diagnóstico é clínico e complementado com testes de contato de leitura tardia para látex e seus componentes. As dermatites de contato resultam de um mecanismo de hipersensibilidade retardada. As reações clínicas são do tipo eczematoso e frequentemente localizam-se no terço inferior do antebraço, mãos e dedos pois são regiões de contato com as luvas ou na manipulação dos produtos de borracha. No entanto podem surgir em outros locais como: couro cabeludo (toucas de banho), face (óculos de natação, máscaras), tronco ou membros (vestuário de tipo elástico, calçado) ou também na pele da região genital (preservativos). Estão ainda descritos casos de dermatite de contato às partículas do látex no ar (dispersão). Nos pacientes alérgicos ao látex, podem ocorrer reações cruzadas com frutas (banana, kiwi, maçã, pimenta vermelha, alface, pepino, cebola, abacate, aipo, ameixa, batata, castanha, cereja, mamão papaia, melão, nectarina, tomate). No teste de contato com látex e derivados da borracha são usados: aceleradores do grupo tiuram, mercapto, carbamatos e antioxidantes do grupo da parafenilenodiamina. Outros antioxidantes e aceleradores podem causar sensibilizações em menor frequência.
A conduta fundamental é evitar o contato com o látex e seus componentes sensibilizantes. A prevenção da alergia ao látex deve ser feita na área industrial, com a redução da proteína do látex no produto acabado e pelo usuário final, adotando medidas simples e práticas: evitar o uso de luvas com talco; uso de luvas de látex pré-lavadas; quando possível, uso de luvas com outro tipo de material: vinil, nitrila e neoprene. Identificar e afastar da exposição os produtos potencialmente sensíveis. Orientação aos alérgicos: Evitar consumo e contato com frutas que provocam reações cruzadas com o látex. Evitar o contato com luvas de látex, bandagens elásticas, cateteres, tubos de coleta e de aspiração, sondas urinárias, adesivos, tubos de drenagem, endotraqueal e outros similares. Evitar circular por áreas onde haja possibilidade de inalação do talco usado em luvas e outros equipamentos.

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